USP e UFMG adotam software Bruno da Metso
Os departamentos de engenharia de minas de duas das mais tradicionais universidades brasileiras – USP e UFMG – adotaram o software de simulação Bruno, da Metso. Desde o começo de setembro de 2018, o Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli-USP tem dez licenças de uso da plataforma, depois de um treinamento de dois dias com alunos de graduação, pós-graduação e professores do Departamento. O recurso está sendo usado para simulação de circuitos de britagem do curso de Engenharia de Minas, mais especificamente na disciplina de tratamento de minérios.
O uso do Bruno pela UFMG aconteceu na sequência, em outubro, com a cessão de outras dez licenças. O software agora faz parte das ferramentas do curso de Engenharia de Minas da UFMG, cuja grade foi atualizada recentemente. “Uma nova disciplina obrigatória sobre integração mina-usina (mine-to-mill) foi incluída e na ementa consta o uso de softwares específicos”, explica Douglas Mazzinghy, professor doutor e subchefe do Departamento de Engenharia de Minas (Demin). Segundo ele, o Bruno será utilizado para modelagem de usinas visitadas durante o semestre. O uso das licenças na UFMG foi antecedido pelo treinamento obrigatório coordenado pela Metso e a iniciativa seguiu o mesmo padrão adotado na parceria com a USP.
Universidades destacam ganhos da ferramenta de simulação
“O treinamento permitiu que os participantes entendessem como funcionam os recursos de digitalização do software”, explica Maurício Guimarães Bergerman, professor doutor do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli-USP. Ele destaca a capacidade do software de oferecer respostas imediatas para validar condições de processo como, por exemplo, a escolha de determinado modelo de britador. “Com uma metodologia manual, levaríamos pelo menos uma hora para validar cada condição de processo”, complementa.
Mazzinghy, da UFMG, tem uma avaliação similar. De acordo com ele, um engenheiro de processos consegue fazer uma avaliação de um circuito de britagem e peneiramento em poucas horas usando o software. “Para fazer a mesma avaliação, usando o Excel, a ferramenta mais utilizada pelos engenheiros de processos no dia-a-dia, seriam necessárias várias horas”, explica. Mazzinghy acredita que os alunos podem desenvolver fluxogramas reais de britagem e peneiramento e sugerir melhorias nos processos ao usar a plataforma. “É um software intuitivo e com uma interface simples”, complementa.
Utilização do software em sala de aula.
Bruno já tem mais de 7 mil usuários, com a média de uma licença liberada por dia
O Bruno foi criado na Finlândia em 1994 para simular o circuito completo de britagem. Hoje, a plataforma tem mais de 7 mil usuários no mundo, entre profissionais da própria Metso, especialistas em planejamento mineral de empresas de engenharia e consultoria e técnicos das próprias mineradoras e produtores de agregados. Pesquisadores e estudantes universitários também estão entre os usuários, sendo a USP e a UFMG entre as primeiras a usar o software no país.
“O Bruno contribui para o cenário de Indústria 4.0, conceito que inclui a adoção de novas tecnologias de digitalização. Diferentemente de outros programas de simulação, é uma ferramenta simples e amigável”, explica Edis Nunes, especialista em Engenharia de Aplicação da Metso e instrutor do treinamento efetuado na USP e na UFMG. “Com um poderoso algoritmo de simulação, o Bruno proporciona confiabilidade de resultados de maneira bastante rápida”, complementa. Segundo Nunes, o software já vem sendo usado por outras universidades fora do Brasil. “É uma relação ganha-ganha. As universidades ganham ao utilizar processos mais modernos e efetivos em sala de aula, enquanto a Metso ganha ao apresentar seu know-how a futuros profissionais”, explica.
Treinamento será oferecido também a outras universidades da América do Sul
Usado principalmente para projetar plantas de britagem a partir do zero, o Bruno também vem sendo usado para validar a expansão de operações já existentes ou para indicar melhorias pontuais. A vantagem da simulação é que ela permite avaliar os resultados de ajustes de processamento, sem afetar a produção. “Como os mineradores e produtores de agregados têm dados reais de suas operações, podem avaliar, na prática, como sua produção seria afetada com a mudança de parâmetros”, explica Nunes. Ele lembra, no entanto, que o planejamento de novas plantas ou a mudança de equipamentos sempre é validada pela área de engenharia da Metso, caso envolva tecnologia da marca.
O escopo de simulação do Bruno envolve todos os equipamentos da Metso. Em função disso, a plataforma passa regularmente por atualizações de recursos. Já as atualizações de versão são mais alongadas e envolvem mudanças consistentes no programa. A simulação inclui equipamentos da marca, mas pode ser feita também com a inserção de dados de máquinas de concorrentes. “Em operações já consolidadas, os gerentes de planta têm dados reais e podem simular mudanças com cenários existentes”, complementa Nunes.