Pandemia mudou, mas não paralisou serviços no setor mineral
Atuação da Metso Outotec mostra adaptação das iniciativas ao longo da evolução do coronavírus, inclusive com uso de assistência remota
Há mais de um ano a pandemia do novo coronavírus mudou a rotina do mundo, incluindo segmentos estratégicos como a mineração. A Metso Outotec, fornecedora de várias soluções para esse mercado, inclusive serviços de suporte, foi uma das empresas que precisou se adaptar às novas condições impostas pelas mineradoras, geralmente empreendimento que ficam fora dos centros urbanos e que demandam deslocamentos complexos para atendimento in loco. As mudanças incluem desde a flexibilização de equipes até o uso mais acentuado de ferramentas de suporte remoto.
Um dos exemplos é o time que atua na prestação de serviços para a área de moinhos, equipamentos usados também no segmento de fertilizantes. As primeiras iniciativas envolveram um modelo de revezamento, com envio de equipes alternadas a campo e atendendo ao chamado protocolo de segurança. Isso significou a restrição de deslocamento de profissionais acima de 60 anos e também daqueles com alguma comorbidade que os colocassem no grupo de risco. Ao mesmo tempo a programação de visitas técnicas não poderia envolver voos com duração de mais de duas horas.
“Iniciamos uma programação racionalizada de visitas, confirmando somente aquelas realmente necessárias, incluindo o deslocamento via terra para evitar a concentração dos aeroportos”, explica José Vicente Gonzalez, gestor de Assistência Técnica da Metso Outotec. De acordo com ele o cenário começou a mudar em agosto do ano passado, quando as próprias mineradoras, que tinham bloqueado o acesso às suas instalações, começaram a permitir a retomada de visitas técnicas, mas adotando seus próprios protocolos de segurança, incluindo a etapa de testagem e mesmo de quarentena – em alguns casos.
Gonzalez lembra que o nível de restrição pode aumentar de acordo com o aumento de número de casos, impedindo o deslocamento in loco. Independente disso, há arranjos entre as mineradoras e a equipe da Metso Outotec para não paralisar o suporte técnico. Um deles é a colocação de câmeras na planta de processamento de uma mineradora de ouro. Nesse caso, tratava-se da troca de componentes de um moinho e, para dar o suporte necessário, a Metso Outotec orientava os especialistas em campo da mineradora por meio das imagens recebidas. A assistência técnica incluiu um pacote de quatro horas diárias, inclusive no final de semana, mas a exceção se explica pelo momento de pandemia.
O mesmo aconteceu com outro cliente cujo moinho perdeu a potência dos motores. Para diagnosticar o problema a equipe de moinhos da Metso Outotec recebeu fotos e relatórios de operação da máquina. Com as informações em mãos, os técnicos experientes pediram para que a própria equipe da mineradora fizesse verificações de componentes como os acoplamentos e redutores. Uma vez identificado o problema elétrico no motor, a orientação foi acionar os especialistas internos para corrigir a falha. “Para que isso aconteça é necessário ter uma rede de telecomunicações boa, de forma a agilizar o envio dos dados com rapidez, incluindo as fotos”, destaca o especialista.
A mudança de cultura para atender remotamente também acontece em plantas de britagem operadas e manutenidas pela Metso Outotec, onde o número de profissionais é maior até pela família de equipamentos ativada no Brasil. Tiago Batalha, gestor da área de serviços, lembra que há muitos equipamentos da marca em operação, o que demanda os serviços de suporte. Além da quantidade e diversidade, os britadores estão presentes em minerações geograficamente espalhadas. Ou seja, o deslocamento é ainda mais complexo, mesmo em tempos normais. O uso do Whattsapp para envio de imagens de equipamentos com falhas é um processo alternativo para evitar o deslocamento ao vivo, mas exige esforço combinado.
Um recurso inovador é o uso do Smart Glass ou óculos inteligentes para receber instruções de equipes especializadas. A ferramenta já está disponível e sendo utilizadas em plantas de britagens operadas pela Metso Outotec: Outotec. Com a pandemia, os dois especialistas acreditam que os dispositivos possam começar a ser vistos como uma opção real e não futurística de assistência remota. “A utilização do SmartGlass permite o atendimento técnico especializado remoto, com o compartilhamento de imagens simultâneas em tempo real e benefícios operacionais, entre eles o fato do operador estar com as mãos totalmente livres para executar as tarefas enquanto é orientado. A ferramenta também elimina a necessidade de manter equipes em quarentena para clientes que estão demandando a presença in loco”, avalia Batalha.
Nos casos de exigências como essa, os procedimentos de quarentena acabam imobilizando as equipes por um tempo longo, que também influencia nos custos. Deslocamentos desse tipo exigem a testagem e envio dos resultados antes da viagem. Já no destino o procedimento usual é uma nova testagem e o isolamento da equipe externa até que os resultados fiquem prontos. “Para evitar a imobilização de técnicos em hotéis, uma das soluções é acionar pessoal de suporte local ou mais próximo da mina, o que nem sempre é possível, porque se trata de profissionais especializados que façam parte de nossa equipe”, detalha Gonzalez.
Os recursos de suporte remoto podem ser limitados dependendo da complexidade dos equipamentos. Nem sempre é possível diagnosticar uma falha de britador e consertá-lo a tempo de não influir pesadamente na produtividade da planta. Outro aspecto a ser considerado é que, em média, 80% de uma área de suporte em serviços geralmente é formada por profissionais que se deslocam entre as minas, pois prestam serviços ligados diretamente à manutenção de máquinas. “Não tem como supervisionar a montagem de um moinho somente via remota, pois ela exige a presença do suporte técnico local. O que acontece com os novos serviços de assistência remota é que eles não vão excluir o atendimento presencial. O que teremos é uma complementaridade”, finaliza.