Transporte responde por 46% dos custos operacionais em minas a céu aberto
Agora, um detalhe: por mais que ocorra um avanço nos veículos autônomos para mineração, os especialistas avaliam que a velocidade no setor não será a mesma, por exemplo, para o transporte urbano.
E é fácil de entender o porquê. Os caminhões fora de estrada gigantescos, avaliados em milhões de dólares e capazes de transportar centenas de toneladas de minério a cada viagem, também são feitos de metais.
E, mesmo que eles passem a ser autônomos, continuarão a ter a uma estrutura metálica, usando pneus e provavelmente diesel ou outro combustível fóssil como o gás natural. E eles têm um preço.
O custo da operação de caminhões fora de estrada varia de acordo com cada operação mineral, mas os dados internacionais apontam que, de forma geral e sem especificar esses veículos, o transporte tem um peso considerável em uma mina a céu aberto: 46%.
Os dados são citados no artigo New approach for reduction of diesel consumption by comparing different mining haulage configurations que, apesar de publicado em inglês, foi escrito por três especialistas brasileiros - Edmo da Cunha Rodovalho, Hernani Mota Lima e Giorgio de Tomi.
Eles lembram que em grandes operações, o trabalho de carga e transporte é feito pela combinação de escavadeiras e caminhões fora de estrada.
Os três especialistas também destacam que vários fatores podem influenciar no consumo do diesel e na vida útil dos pneus, inclusive o desempenho dos próprios motoristas.
A lista tende a ser maior, desde a condição das estradas internas na mina até o período do ano. As chuvas, é claro, complicam a equação.
A manutenção adequada e periódica é outro fator. O tipo de caminhão fora de estrada igualmente pode influir, assim como sua capacidade de transporte. Mas uma coisa é certa: as otimizações nos equipamentos minimizam os problemas.
Caminhões fora de estrada usam 50% da energia para carregar seu próprio peso
Segundo o artigo Current Surface Mining Techniques, de Duncan Bullivant, em termos de eficiência energética, os caminhões usam apenas 40% da energia para mover a carga. Os 60% restantes são usados para mover a massa de tara do próprio caminhão.
E mais ainda: geralmente os custos energéticos dos caminhões são maiores do que sistemas de transportadores de correias, que é uma das opções – nem sempre viável – para o transporte do minério da frente de lavra para a planta de processamento.
Já a dissertação de mestrado de Thiago Borges, defendida na Universidade de Ouro Preto (UFOP), traz um número aproximado para a eficiência energética dos caminhões.
Segundo a pesquisa, ela seria dividida igualmente entre o próprio deslocamento (50%) e o deslocamento da carga (50%).
Ou seja, qualquer melhoria tecnológica que reduza o peso do caminhão e aumente a capacidade de carga útil é bem-vinda.
Um bom exemplo, aliás, pode ser o uso de novos materiais, como já faz a indústria aeronáutica.
O 787 Dreamliner, da Boeing, tem materiais compósitos em metade de sua fuselagem de acordo com artigo do site brasileiro Inovação Tecnológica. Já o Airbus A350 XWB, por sua vez, tem a fuselagem e asas feitas de fibra de carbono.
E o investimento não acontece à toa: cada quilograma a menos no peso de um avião significa uma economia de cerca de US$ 1 milhão em custos ao longo do tempo de vida de uma aeronave - e o uso de compósitos e fibras artificiais pode reduzir o peso de uma aeronave em até 20%. Ponto para a tecnologia.