A movimentação de minério, entre a extração e envio ao beneficiamento, depende de vários equipamentos e um deles é a retomadora, também conhecida em campo como recuperadora. Em 2016 uma grande mineradora sul-americana tinha o desafio duplo em relação à uma de suas retomadoras: precisava ampliar a capacidade do equipamento e, ao mesmo tempo, reduzir o tempo de manutenção da máquina. O projeto, encampado pela Metso Outotec, foi bem sucedido nos dois quesitos.
Antes da intervenção, a recuperadora movimentava 1.675 toneladas por hora. Após um pacote que envolveu engenharia, fornecimento de peças, serviços e execução, o equipamento passou a ter uma capacidade 56% maior, chegando às atuais 2.625 toneladas por hora. Além do incremento na produção alcançados por meio do estudo de engenharia (para diminuir o tempo do processo de substituição da roda de caçambas, elemento importante da sua operação), o tempo de manutenção da retomadora foi reduzido em 50%, promovendo maior disponibilidade do equipamento.
Nesse último caso, a manutenção mais ágil foi alcançada por meio da aplicação de componentes de manutenção mais fácil na região de acionamento da roda da caçamba. Em outras palavras, o tempo de reparo em paradas programadas foi cortado pela metade e, em caso de incidentes não previstos, a nova configuração mecânica do equipamento reduz consideravelmente o risco de a mineradora ter uma longa paralisação não planejada. A pergunta é: como isso foi feito?
Mudança exigiu operação de içamento de contrapesos de 270 toneladas
A primeira meta da mineradora era reduzir o tempo de manutenção da roda de caçamba, processo que envolve uma complexa desmontagem. Para isso, o projeto estipulou a troca dos mancais convencionais por mancais e rolamentos bipartidos, redutores e eixo. A intervenção em si foi um desafio, pois havia a necessidade de alteração da base de fixação dos mancais, ou seja, criar uma nova base e para isso nenhuma carga poderia estar em cima do equipamento. Detalhe: seria necessário retirar todos os contrapesos da retomadora que, no conjunto, somavam cerca de 270 toneladas.
Para o içamento e armazenamento dos contrapesos foi necessário cavar uma vala e deixá-los de pé, pois o tombamento poderia quebrá-los. O planejamento para atender o prazo também considerou a montagem da roda de caçamba. Para adiantar o processo foi criada uma plataforma de sustentação, cuja meta era a de copiar a futura base definitiva. A remoção da base por meio do grafite e instalação com solda e controle de qualidade foram feitas em paralelo à montagem do conjunto de rolamentos e mancais.
Além da mudança complexa para a instalação dos novos eixos/rolamentos da roda da caçamba, que simplificou a manutenção do equipamento, uma segunda intervenção fez parte do pacote: o repotenciamento do redutor planetário. O processo aconteceu com a inclusão de suporte de saída para receber eixo flangeado. Em relação ao sistema anterior, a nova composição elimina o disco de contração e o eixo oco, o que imprime ainda mais facilidade de manutenção caso seja necessário realizar substituições futuras.