Em Mogi das Cruzes (SP), a Pedreira Itapeti, pertencente ao Grupo das Pedreiras Embu, brita 150 mil toneladas de rocha mensalmente, mas tem capacidade para produzir até 400 mil t/mês. A empresa chegou a essa capacidade no final de 2013, após implantar uma nova linha de britagem, totalmente automatizada e composta por equipamentos Metso que geram mais de 20 tipos de materiais, incluindo areia de brita produzida a seco, um dos carros-chefes atualmente. O diretor técnico Márcio Gonçales e o Engenheiro Eletricista André Leme de Oliveira são os responsáveis por esse projeto, para o qual houve intensa fase de pesquisas, mas que resultou na montagem de “uma planta que é, no mínimo, 20% mais produtiva que a tradicional”, como avaliam eles.
“Já tínhamos experiência com automação de planta de britagem em outras unidades da Embu e também acumulamos experiência positiva com equipamentos Metso aqui nesta pedreira, onde operamos britadores da fabricante desde quando a marca era Svedala Faço”, diz Gonçales. Com essa bagagem, a decisão foi tomada após a visita dos especialistas da Embu a uma planta automatizada pela Metso em Portugal.
A demanda por areia de brita – elevada no mercado paulista principalmente pelas distâncias cada vez mais longas das jazidas de areia natural, o que encarece o frete e o valor do produto final para a construção civil – incrementou o desafio, exigindo um projeto que não só fosse automatizado, mas que também produzisse areia de brita em alto volume e com boa qualidade.
Soluções
Para chegar a esses resultados, a primeira decisão dos especialistas da Embu foi centralizar o processo com a Metso, de modo que uma nova linha inteira fosse especificada e montada pela fabricante para produzir até 500 toneladas por hora. Nesse caso, a automação ocorre desde a moega do britador primário, sinalizando que o caminhão fora de estrada de 30 ou 40 toneladas pode despejar a carga de rochas para ser cominuida.
Ainda nessa fase, outros sensores de nível entram em operação, garantindo que o britador de mandíbula C160 tenha sua alimentação controlada automaticamente. “Isso ocorre nos outros britadores da linha também, o que, além do aumento de produtividade, reduz os nossos custos com materiais de desgaste”, pontua André de Oliveira.
Após a primeira etapa de britagem, o material que segue pelas correias transportadoras ainda é supervisionado por outro sensor de nível, que avalia ocorrência de entupimento no chute do transportador e paralisa o processo automaticamente quando necessário.
Nas fases de rebritagem, surge outra inovação, pois foram adotados dois britadores cônicos no lugar de um cônico e um de impacto (VSI). Nesse caso, o secundário é do tipo HP 500 e o terciário HP 300 e ambos, além do controle de alimentação, possuem também o ajuste de abertura automatizado, o que confere agilidade na calibração e reduz a exposição humana ao risco, já que o ajuste é feito de dentro da cabine de operação. “Posso dizer com segurança, após esses dois anos de operação, que a cubicidade e a granulometria do material final produzido pelo britador cônico, seja ele brita ou areia, é de ótima qualidade”, afirma Gonçales.
No fim do processo, as britas dos mais variados tipos são empilhadas ou armazenadas em silo de 60 toneladas de capacidade. Nessa etapa entra a outra inovação da Pedreira Itapeti, respondendo pela produção de areia de brita por um processo de captação a seco, o que, segundo Gonçales, é avançado ambientalmente, pois reduz a probabilidade de impactos passíveis da produção de areia lavada com seus tanques de rejeitos. Ele é inovador também, avalia ele, na produtificação da linha de britagem, transformando o que seria rejeito em material comercialmente atrativo e cuja demanda cresce exponencialmente ano a ano.
Estrutura
A nova linha de britagem automatizada da Embu pode produzir até 500 toneladas por hora, enquanto a linha antiga produz 300 t/h. Ambas trabalham com britagem primária, secundária e terciária, mas a antiga conta com um britador de impacto na última etapa.
Atualmente, a produção de areia de brita corresponde a 30% do volume de materiais comercializados pela Pedreira Itapeti. A produção de brita 1 corresponde a outros 30% e o restante fica a cargo de diversos outros produtos, como rachão, brita 0, brita 2.
Boris Volavicius, especialista de Otimização de Processos para Mineração da Metso, avalia que a aplicação da Pedreira Itapeti é um caso de sucesso global, que deverá ser replicado aqui e em outros locais do mundo. “Inclusive, quem sabe, em uma outra unidade do Grupo Embu”, diz o especialista. “E tão importante quanto replicar esse trabalho em outros locais é a continuidade da parceria com o grupo Embu para que as plantas que ainda não trabalham com a automação Metso atinjam o mesmo nível de otimização de produção, disponibilidade e operação”, conclui.